Foi o
único Papa do século XX a exercer o Magistério Extraordinário da Infalibilidade
papal – invocado por Pio IX – quando definiu o dogma da Assunção de Maria em
1950 na sua “Constituição Apostólica Munificentíssima Deus”.
A sua vontade era evitar a guerra a todo custo foi a sua primeira preocupação. Pode-se dizer que Pio XII foi um dos principais protagonistas daqueles dias tão carregados de tragédia, porque procurou, com todas as suas forças, evitar a guerra. Tendo adquirido uma grande experiência diplomática, tem ciência de que o espera um dos mais agitados períodos da história.
Na noite de Natal de 1942, condenou a perseguição judia na sua famosa alocução de Natal. Igualmente, em 1943 pronunciou um importante discurso aos cardeais, em que reafirmou a sua condenação da política alemã. Como Bispo de Roma entrou em pessoa, em julho e agosto de 1943, nos populosos bairros de São Lourenço e São Giovanni para trazer conforto para as vítimas dos bombardeamentos anglo-americanos.
Segundo
o diplomata e historiador judeu Pinchas Lapide, que foi cônsul em Milão, na sua
obra "Three Popes and Jews" (Londres, 1967), "Pio XII, a Santa
Sé, os núncios do Vaticano e toda a Igreja Católica teriam salvo de 700.000 a
850.000 hebreus da morte certa, no regime nazista."
Quando, em 10 de Setembro de 1943 os nazistas invadiram Roma, o Papa abriu a Santa Sé aos refugiados, estimando-se que tenha concedido à cidadania do Vaticano para até 1.500.000 de pessoas.
Nos meses em que Roma se encontrava sob ocupação alemã, Pio XII instruiu o clero italiano sobre como salvar vidas usando de todos os meios possíveis. Cento e cinquenta e cinco conventos e mosteiros em Roma deram asilo a aproximadamente cinco mil judeus. Pelo menos três mil encontraram refúgio na residência de verão do pontífice, em Castel Gandolfo. Sessenta judeus viveram por nove meses dentro da Universidade Gregoriana e muitos foram escondidos no subsolo do Pontifício Instituto Bíblico. Seguindo as instruções de Pio XII, muitos padres, monges, freiras, cardeais e bispos italianos empenharam-se para salvar milhares de vidas judias. O cardeal Boetto, de Gênova, salvou pelo menos oitocentas vidas. O bispo de Assis escondeu trezentos judeus por mais de dois anos. O bispo de Campagna e dois de seus parentes salvaram outros 961 em Fiume.
Hitler ameaçou sequestrar Pio XII. O general Karl Otto Wolff, das SS, recebeu ordem para ocupar o mais rapidamente possível o Vaticano, garantir a segurança dos arquivos e dos tesouros artísticos, e "transferir" (ou seja, sequestrar) o Papa, juntamente com a Cúria, para que não caíssem nas mãos dos Aliados e exercessem influência política. De acordo com historiadores, Hitler ordenou o sequestro porque ele tinha medo da possibilidade de Pio XII aumentar e agravar as suas criticas à perseguição judia levada a cabo pelos nazistas. Ele também tinha medo de que a oposição de Pio XII pudesse inspirar mais resistência e oposição à ocupação alemã na Itália e em outros países católicos. Nessa eventualidade, o Papa disse à Cúria que a sua captura pelos nazistas implicaria a sua resignação imediata, abrindo caminho à eleição de um sucessor. Os prelados teriam de se refugiar num país seguro e neutro, provavelmente Portugal, onde iriam restabelecer a liderança da Igreja Católica Romana e eleger um novo Papa.
Como consequência, e apesar do fato de Mussolini e dos fascistas terem cedido à exigência de Hitler de dar início às deportações também na Itália, muitos católicos italianos desobedeceram às ordens alemãs. É sabido que, enquanto cerca de 80% dos judeus europeus encontraram a morte durante a Segunda Guerra Mundial, 80% dos judeus italianos se salvaram.
Em 12 de março de 1944 profere a alocução Nella desolazione, dirigida aos "foragidos da guerra refugiados em Roma e aos habitantes da cidade reunidos na Praça de São Pedro" e em 2 de junho deste mesmo ano em outra alocução: “È ormai passato,” dirigida aos Cardeais repele mais uma vez a guerra. Em 29 de novembro de 1945 recebe no Vaticano oitenta delegados de campos de concentração alemães que foram pessoalmente manifestar o seu agradecimento pela "generosidade demonstrada pelo Santo Padre para com eles durante o terrível período do nazifacismo".
Em 23 de dezembro de 1940 na revista "Time" Albert Einstein afirmava: "Somente a Igreja ousou opor-se à campanha de Hitler de suprimir a verdade. Nunca tive um interesse especial pela Igreja antes, mas agora sinto um grande afeto e admiração porque somente a Igreja teve a coragem e a força constante de estar da parte da verdade intelectual e da liberdade moral"
Posted 11th December 2012 by Rodolfo Soares Barbosa
2013, um ano para recuperar a verdade sobre
Pio XII
Gazeta do Povo
Gazeta do Povo
Publicado em 30/12/2012 | GARY
KRUPP
Como um garoto judeu em
Nova York, sempre acreditei que Eugenio Pacelli, o Papa Pio XII, era um
colaborador dos nazistas e um ardente antissemita. Disseram-nos que ele se
manteve impassível e quase não agiu enquanto 6 milhões de meus irmãos de fé
eram enviados para morrer nos campos de extermínio nazistas na Europa. Eu
acreditei – mas era verdade?
Em 2006, por uma série de
eventos providenciais, os fatos sobre o que ocorreu durante a guerra me foram
revelados. Percebi que minha compreensão sobre o Papa da Segunda Guerra Mundial
era diametralmente oposta à verdade. Assim, seguindo nossa missão na Fundação
Pave the Way – identificar e eliminar obstáculos não teológicos entre as
religiões –, decidimos investigar esse tema controverso e divulgar nossas
descobertas, fossem quais fossem.
A Fundação concentrou
esforços em identificar todo o material original e dar aos pesquisadores a
chance de estudar o tema. Ao longo dos últimos sete anos, publicamos mais de 76
mil páginas de documentos originais em nosso site (www.ptwf.org), incluindo
reportagens, material impresso e entrevistas em vídeo sobre o assunto. A
evidência é avassaladora em favor de Pio XII e prova que ele, de fato, salvou
muitos milhares de vidas.
Alguém pode perguntar: por
que essa “lenda negra” nunca foi corrigida em todos esses anos? Afinal, fatos
são fatos. Praticamente todo líder judeu ou organização judaica da época
elogiou os esforços de Pio XII para salvar vidas de judeus. O Papa recebeu
reconhecimento até sua morte, em 1958, e por mais cinco anos depois disso. Como
se explica que, em apenas um ano, o mundo inteiro mudou sua opinião sobre Pio
XII sem um fio de evidência sequer?
A resposta está na agenda
política da máquina de propaganda da União Soviética, que engendrou a mudança
entre a opinião pública para atacar Pio XII, inimigo visceral do comunismo,
atacar a Igreja Católica e isolar judeus de católicos justo no momento em que a
declaração Nostra Aetate, do Concílio Vaticano II, buscava a reconciliação.
Você duvida? Por que não
faz uma experiência por conta própria? Examine os arquivos de jornais, procure
cada artigo escrito sobre Pio XII e os judeus entre 1939 e 1958. Você não
encontrará um texto negativo sequer. Aqueles que realmente viveram durante a
guerra e foram testemunhas oculares dos esforços da Igreja Católica sabem a
verdade. E o que tornou esses esforços ainda mais heroicos foi o fato de a
Igreja agir mesmo cercada por forças hostis e infiltrada por espiões. A Igreja
salvou vidas sem se beneficiar da segurança daqueles que, em comparação,
estavam em Washington, Londres ou outros lugares e não fizeram nada. Como foi
possível?
O historiador judeu Jeno
Levai, estudioso da guerra na Hungria, se refere a Pio XII nos seguintes
termos: “é uma ironia lamentável que a pessoa que, em toda a Europa ocupada,
tenha feito mais que qualquer um para conter esse crime horrível e atenuar suas
consequências tenha se tornado o bode expiatório pelas falhas alheias”.
A boa notícia é que estamos
vencendo a guerra pela restauração da verdade. Em 1.º de julho de 2012, o
Memorial do Holocausto em Jerusalém, o Yad Vashem, reescreveu sua enviesada
descrição das ações de Pacelli durante a guerra e a substituiu por um texto
equilibrado. Novos livros que vêm sendo publicados, baseados em documentos
trazidos à luz recentemente, trazem uma avaliação mais moderada das ações da
Igreja e desse Papa tão controverso. Que 2013 seja o ano em que a verdade
finalmente vença as mentiras e que a reputação desse grande defensor da
humanidade seja recuperada.
Gary
Krupp é fundador e presidente da Fundação Pave the Way. Tradução: Marcio
Antonio Campos.
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