Sunday, January 16, 2022

PÓS GRADUAÇÃO EM CINEMA E LINGUAGEM AUDIOVISUAL - CONCLUSÃO

 


MONOGRAFIA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CINEMA E LINGUAGEM AUDIOVISUAL
Flavia Dias Tavares

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM CINEMA E LINGUAGEM AUDIOVISUAL
Resenha Crítica de Caso
Flavia Dias Tavares
Trabalho da disciplina Oficina Criativa
Tutor: Profª. Danielle Morais Gaspar Yasaka
Rio de Janeiro
2021
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A CANÇÃO FAROESTE CABOCLO COMO UM ROTEIRO DE CINEMA JÁ PRONTO: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DAS TEORIAS DE SYD FIELD
Referência:
Gugliano, Cristian Boragan (2012). A Canção Faroeste Caboclo como um roteiro de Cinema já pronto - uma análise através das teorias de Syd Field. Revista Sonora – IA - ISSN 1809-1652, Nº 7 - V. 4 – 2012
Disponível em: https://www.publionline.iar.unicamp.br/index.php/sonora/article/view/656. Acesso em: 01 de março de 2021
A CANÇÃO FAROESTE CABOCLO COMO UM ROTEIRO DE CINEMA JÁ PRONTO - UMA ANÁLISE ATRAVÉS DAS TEORIAS DE SYD FIELD
Cristian Boragan Gugliano, em seu artigo, analisa a equivalência entre a canção Faroeste Caboclo, da banda Legião Urbana, e os Pontos de Virada, teoria do roteirista e escritor Syd Field, onde ele embasa qual a qualidade para o sucesso de um roteiro. O analista Gugliano aplica esses conhecimentos à canção, mas fundamentalmente observando a letra, Faroeste Caboclo e percebe nesse contexto as premissas para um roteiro com comunicação eficaz no universo da indústria cinematográfica. Gugliano faz uma profunda análise dessa música em relação ao cordel, à literatura e ao cenário histórico e cultural dos anos de 1980.
Cristian Boragan Gugliano é psicanalista, graduado em Jornalismo, especialista em Literatura e mestrando em Comunicação.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 4
2 - EXAME .............................................................................................................................................. 4
3 – CONCLUSÃO ..................................................................................................................................... 6
Consultas: ............................................................................................................................................... 7
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1 INTRODUÇÃO
O autor pretendeu com esse artigo provar a teoria provisória “Uma canção pode ser multimídia, em outras palavras, trazer elementos em si mesma que a torna favorável para a adaptação em outra espécie de mídia?” Para tal resposta escolheu a canção Faroeste Caboclo, da banda brasiliense Legião Urbana. O porquê da percepção desta teoria se deve a notícia de jornal:
...estavam transformando Faroeste Caboclo em filme (AGÊNCIA ESTADO, 2009). Renato Russo, compositor e vocalista da Legião Urbana, se consagrou escrevendo letras que mais se pareciam com histórias, dadas as estruturas narrativas. Algumas canções neste estilo são Eduardo e Mônica, Clarisse e Dezesseis. Em 2011 a publicidade resolveu apostar na estrutura multimídia das músicas da Legião Urbana e criou um comercial para a operadora de telefonia Vivo inspirado em Eduardo e Mônica (AGÊNCIA AFRICA, 2011). Na aposta publicitária, a canção foi usada sem cortes e nem adaptações, na versão original. O desafio foi inserir imagens correspondentes ao narrado na letra, com inserções dos produtos da operadora de telefonia." (pág. 1)
Para engendrar sua análise, Gugliano compara o objeto da pesquisa que é a Canção Faroeste Caboclo ao tipo de roteiro que Syd Field propõe como um “roteiro de sucesso”.
Suas conclusões finais referendam sua teoria e indicam Faroeste Caboclo como um excelente roteiro.
2 EXAME Gugliano, para promover a análise de que Faroeste Caboclo, possui em si mesmo elementos que por si só já a tornam um roteiro cinematográfico, enfoca seu objetivo a partir da letra, abandonando os elementos da rima e da construção melódica, além de contextualizar a canção e a banda no ambiente histórico e musical dos anos de 1980. Compara a saga (enredo) do personagem João de Santo Cristo a estrutura formal de um roteiro cinematográfico e endossa refletindo sobre a opinião de alguns autores como Domingos Paschoal Cegalla e endossa seus estudos ao trabalho do roteirista e escritor norte-americano Syd Field. Syd Field foi roteirista, palestrante e selecionador de roteiros cinematográficos nos Estados Unidos, ao longo da sua carreira encontrou "pontos comuns" em todos os roteiros que alcançaram sucesso de público e de crítica. Com essa descoberta Field se tornou um verdadeiro pesquisador e mapeou estas semelhanças tecendo uma teoria: os Pontos de Virada (1996). Em sua tese Field, indica que a qualidade de um roteiro se deve a mudança no rumo da história em determinados momentos-chave da narrativa. É importante destacar um trecho da análise examinada para melhor compreender Faroeste Caboclo:
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De acordo com o jornalista Arthur Dapieve (1995), Renato Russo tinha apenas 19 anos quando compôs Faroeste Caboclo, ou seja, a música foi criada em 1979, mas efetivamente gravada pela Legião Urbana em 1987 no álbum Que País É Este. Na versão original, a música dura 9 minutos e possui 159 versos, sem refrão algum. Dapieve (2010) afirma que Faroeste Caboclo, a história narrada em forma de música, embora se aproxime da Literatura de Cordel e da Literatura Culta, recebe influências diretas da canção Hurricane, de Bob Dylan. Para facilitar a análise da canção logo mais a frente, será atribuída aos versos uma sequência numérica. ( Gugliano, Cristian, pág.2)
O autor reflete sobre a formação do rock nacional, o período que foi criado e fazendo coro ao crítico Nelson Motta discorda do rótulo de alienados aos jovens roqueiros, e encontra a “prova” nos próprios versos de Faroeste Caboclo:
“O verso 86 fala que João de Santo Cristo não “bota bomba em banca de jornal”, uma referência direta aos atentados a bomba de militares contrários à redemocratização.” (...) Graças à canção, as cidades-satélites que rodeiam Brasília, conhecidas por histórias de desencontros e violências, recebem o adjetivo de faroeste caboclo. A aproximação de Faroeste Caboclo com a Literatura Brasileira Culta acaba por desmistificar a alienação. ( Gugliano, Cristian, pág.5)
Continuando sua análise sobre Faroeste Caboclo ser um roteiro de cinema já pronto encontra respaldo na análise de Barreiros que relacionar a canção à Literatura de Cordel e à Literatura Culta, mas também a relaciona com o cinema: “Faroeste Caboclo parece-nos, com efeito, uma das canções do rock brasileiro em que melhor se revela o imbricamento entre a indústria cultural fonográfica e cinematográfica de influência estrangeira” (2007, p. 27). Mais à frente, Barreiros usa a palavra ‘faroeste’ para conectar a canção ao cinema: “observe-se, inicialmente, o título da canção: parece haver, nele, a sugestão de que ele se liga, de alguma maneira, à tradição da indústria cinematográfica norte-americana” (2007, p. 28).
Os Pontos de Virada aplicados em Faroeste Caboclo Cabe agora aplicar a estrutura de Paradigma de Syd Field em Faroeste Caboclo para verificar a existência dos Pontos de Virada, comprovando, desta forma, que os elementos que compõem um roteiro sempre existiram na canção, o que possibilita, nesta segunda década do Século XXI, a confecção de um filme baseado nos personagens e cenários imaginados por Renato Russo.
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Gugliano encontra todos os elementos necessários para um roteiro de cinema nos versos de Faroeste Caboclo identifica os atos e os cataloga como o Ato I – vai até o verso 24, esses primeiros versos constroem o personagem João de Santo Cristo, tanto fisicamente como psicologicamente. O Ponto de Virada I começa a partir do verso 25 e vai até o 34 onde traça o percurso do protagonista. Toda confrontação do Ato II de Faroeste Caboclo acontece entre os versos 35 e 123. É no Ato II que aparecem os personagens secundários que orbitam a história. No Ponto de Virada II, surge a ação dramática que altera a história para a sua resolução que é o casamento de Maria Lúcia com Jeremias no verso 124 e esse fato inédito empurra a história para o Ato III, a resolução. O “duelo final” será a ordem que identifica a música com o faroeste cinematográfico norte-americano e que era a intenção do compositor.
Gugliano identifica o Ato III a partir do verso 125 até o final da canção e assim como no faroeste norte-americano, ocorre o duelo entre Santo Cristo e Jeremias, segundo Barreiros o confronto entre o “Bem e o Mal”. Na solução do Ato III proposta por Renato Russo, como diz o verso 166, “João não conseguiu o que queria”, ou seja, a premissa dramática de jamais sair da pobreza. “A história se fecha e o faroeste caboclo encontra sua solução”.
A preocupação do autor desse artigo foi construir apenas um apenas um discurso retórico em que ideias e palavras são manipuladas para que se atinja determinado fim e sua pergunta é “será que o Paradigma de Syd Field pode ser aplicado em qualquer canção, tornando esta potencialmente um roteiro cinematográfico ou isto acontece em casos felizes como em Faroeste Caboclo?”(pág. 8)Em sua conclusão acredita ter alcançado seu objetivo e prova que Faroeste Caboclo é um caso multimídia. No entanto nas outras músicas da Legião Urbana citadas no estudo, se entende que não há todos os elementos do Paradigma de Syd Field. Em suma, pode-se fazer filmes sobre outras canções de Renato Russo, mas para que exista um roteiro cinematográfico aos moldes de Syd Field, será preciso a intervenção criativa dos roteiristas. Faroeste Caboclo, no entanto, possui os todos os elementos que por si só a transformam em um roteiro cinematográfico:
“Cabe aos roteiristas apenas preencher as lacunas daquilo que não foi dado por Renato Russo. Ao criar uma narrativa diferente para a sua música – que também alcança a Literatura de Cordel e a Literatura Culta, Russo deu a todos um presente inestimável: criou um personagem, João de Santo Cristo, que, como Dom Casmurro (ASSIS, 1978), Macunaíma (ANDRADE, 1986) e outros, povoará, fertilizará e ricocheteará para sempre a imaginação e a cultura brasileiras.” ( Gugliano, Cristian, pág.8)
3 CONCLUSÃO O artigo de Cristian Boragan Gugliano expos de maneira detalhada e coesa, a música Faroeste Caboclo em sua análise. Não descartando estudos antagônicos, concluiu que aquela canção tem o necessário para ser uma linguagem multimídia além disso, um roteiro coeso de um excelente filme.
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As pesquisas e estudos de Gugliano seguem uma métrica perfeita e não deixa nenhuma dúvida em relação ao que propôs além de enriquecer sua análise abordando o momento histórico em que a música e sua letra foram inspiradas e se transformaram numa canção de enorme sucesso na época.
E, finalmente, a tese de Gugliano foi amplamente provada e satisfeita com o lançamento do filme “Faroeste Caboclo”, dirigido por René Sampaio e inspirado nessa canção homônima, da banda Legião Urbana com o roteiro de Victor Atherino. Lançado em 30 de maio de 2013, faturou 15,5 milhões em bilheteria e levou 1,4 milhão de pessoas aos cinemas em 2013. "Faroeste Caboclo" é uma canção composta por Renato Russo em 1979 e lançada por seu grupo, Legião Urbana, no álbum Que País É Este, de 1987. Devido ao sucesso na época do lançamento do álbum foi lançada como o terceiro single promocional em 1988. Sobre Renato Russo, compositor e intérprete de Folclore Caboclo, seu nome era Renato ‘Russo’ Manfredini Júnior (27 de março de 1960 / 11 de outubro de 1996) nasceu no Rio de Janeiro. Foi um cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista brasileiro, célebre por ter sido líder, vocalista e fundador da banda de rock brasileira, Legião Urbana, fundada em 1982 em Brasília, Distrito Federal, por Renato Russo e Marcelo Bonfá. O grupo também contou com Dado Villa-Lobos e Renato Rocha em sua formação mais conhecida. Diante da morte de Renato Russo em 11 de outubro de 1996, o grupo encerrou suas atividades onze dias depois. Possui uma discografia de oito álbuns de estúdio, três compilações e cinco álbuns ao vivo.
CONSULTAS:
Site Renato Russo –
Blog Cultura Genial, de Carolina Marcello - Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes e licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. –








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